Papo de Terreiro: Feitiço de Oxum Um estudo sobre o Ilê Axé Iyá Nassô Oká e suas relações em rede com outros terreiros

Feitiço de Oxum Um estudo sobre o Ilê Axé Iyá Nassô Oká e suas relações em rede com outros terreiros

 

Feitiço de Oxum
Um estudo sobre o Ilê Axé Iyá Nassô Oká e suas relações em rede com outros terreiros

 

                              

 

Este é um estudo etnográfico sobre o Terreiro Ilê Axé Iyá Nassô Oká, conhecido como Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho da Federação, ou simplesmente a Casa Branca, e sobre a sua rede de relações com outros Terreiros. A literatura lhe dispensa lugar de destaque: abunda em citações do “Terreiro da Casa Branca”; no entanto, a verdade é que nessa bibliografia especializada contam-se poucos estudos sobre o tão referido Terreiro. Este trabalho busca preencher, em parte, esta lacuna, trazendo elementos atuais de sua história e de sua organização do espaço e do tempo, bem como busca analisar seus modos de constituição como grupo étnico-eclesial e a configuração das suas relações em rede com outros Terreiros de candomblé.


O ILÊ AXÉ IYÁ NASSÔ OKÁ, TERREIRO DA CASA BRANCA DO ENGENHO VELHO, é tradicionalmente considerado, nos meios populares, o mais antigo templo afro-brasileiro ainda em funcionamento. Os etnógrafos que se ocuparam dele reconhecem que é impossível precisar a data de sua fundação (na Barroquinha), mas os cálculos baseados na etno história e nos documentos disponíveis fazem-na remontar, no mínimo, à década de 1830 (COSTA LIMA, 1977; VERGER, 1992. BASTIDE, 1986), ou mesmo a inícios do século XIX, senão um pouco antes (SILVEIRA, 2006).  Sua comunidade de culto — o Egbé Iyá Nassô — segue o rito nagô e se auto-identifica como um “candomblé ketu”, ou “de nação ketu”. (COSTA LIMA, 1976 e 1999). No contexto, o designativo “nação ketu” remete, por contraste paradigmático, a denominações como [nação] “ijexá”, “angola”, “jeje” etc. No caso do  egbé em questão,  existe clara consciência de que a “nação” corresponde a um indicador étnico, refere-se a um lugar de origem dos (principais) fundadores do culto. [Em outros domínios, no universo dos ritos afro-brasileiros, os designativos “ketu”, “ijexá”, “angola” etc. conotam antes um  modelo litúrgico, que se sobrepõe à referência étnica quase a elidindo: ver a propósito Serra, 1995: 71: “O conceito de nação tem duplo alcance: indica ao mesmo tempo uma tipologia de ritos e uma origem étnica ...

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