Papo de Terreiro: O QUE É UM EBÓ?

O QUE É UM EBÓ?


O QUE É UM EBÓ?


Ebó é um termo africano, do yorubá, que tem várias acepções nos cultos africanos no Brasil, mas as acepções todas têm em comum o fato de tratar-se de uma oferenda, dedicada a algum orixá, podendo ou não envolver o sacrifício animal.

Ebó nada mais é do que uma limpeza espiritual, como alguns dizem é uma limpeza da aura, de uma pessoa, de uma casa, de um local de comércio. Transfere-se para os alimentos a energia maléfica que está na pessoa ou no local, com a ajuda de Exú e dos Orixás.

Pode-se fazer ebó para abrir os caminhos para emprego, ebó de saúde, ebó de prosperidade, o que varia é a receita. Existem vários tipos de ebós, mas sempre será feito de acordo com o determinação do jogo de búzios.

No jogo de búzios define-se a qual orixá será oferecido o ebó, sendo que cada um leva seus ingredientes especiais tais como: o pombo de Oxalá, a batata doce de Oxumaré ou a canjica de Oxalá. Há ainda aqueles ebós pra afastar espíritos desencarnados que ainda atrapalham a vida de alguem, o ebó de Egun, e outros para curar traumas e ajudar no esquecimento e superação de experiências ruins, o ebó de susto que é para prevenir problemas no futuro.

Não é em todos eles que ocorre a sangria de animais, pois há os chamados ebós brancos nos quais não é permitido qualquer sacrifício e os animais utilizados, geralmente neste caso os frangos e galos são soltos com vida.

Após o ritual do ebó há uma rígida cartilha a ser seguida para que se tenha resultados, e o sacrifício seja aceito, onde cada ebó traz a sua quizila, ou seja, o resguardo que o obrigacionado deverá seguir a risca para que o ebó funcione tais como exemplo: nao ingerir carne vermelha, nem tão pouco frutas vermelhas ou ácidas[incluindo seus sucos], nao tomar cafe, nao comer miudos, nao andar na rua a altas madrigadas, nao beber, nao fazer sexo, como também beijos e abraços, nao ir a velórios, hospitais, cemitérios ou mesmo a passagem sob arames enfarpados ou escadas, etc.

O ritual é largamente praticado em diversas casas e centros religiosos de candomblé e obtém elogios os resultados obtidos por seus praticantes

Também é importante salientar que sempre ao se fazer um ebó, se faz necessária a presença ou orientação de um zelador(a) para que seja colocado o Axé necessário para cada ato.

Outro fator importante a ser observado é que os ebós sempre são colocados na natureza, que cada dia está mais sacrificada, necessitando de conscientização dos seres humanos, e principalmente dos Babalorixas, a fim de produzirem ebós mais ecológicos. Mais o que seriam os ebós ecologicamente corretos? Seriam aqueles que em seu conteúdo utilizassem apenas elementos perecíveis, que podem ser absorvidos pela natureza, evitando assim o acúmulo de vasilhames de plástico, de vidro e sacos descartáveis infindáveis.

Inclusive, gostaríade deixar aqui algumas sugestões para a realização de Ebós, como por exemplo não jogar garrafas de qualquer maneira em ruas e praças, poluindo e danificando nossa natureza que já está tão mal tratada pela comunidade; outro fator importante que ressalto é em relação aos animais utilizados em oferendas, que se faça o uso mínimo possível e, quando utilizados que sejam também colocados embaixo da terra, para que possam ser recuperados pela natureza de uma forma ecologicamente correta, sempre dando preferência para locais distantes do perímetro urbano.

ALGUNS CUIDADOS QUE DEVEMOS TOMAR COM OS EBÓS:



O penúltimo elemento a ser passado é a ave por último as folhas, mas nem todos os elementos se passam na cabeça, por exemplo: pades, bolas de farinha, feijão, milho torrado, bala de revólver, facas, punhais, pregos, velas, moedas, corda, charutos, espada de madeira, panos preto e vermelho.

Após a saída do ebó para a rua, bate-se folhas na casa, joga-se omim eró até a porta da rua, depois defuma-se tudo dos fundos para a frente (saída).

Em caso ebó de saúde, quando houver bicho, após passar a ave, manda-se que se cuspa 3 vezes dentro do bico da ave, para depois soltá-la em cima do ebó, ainda viva.

Quem for passar o ebó deverá sempre estar munido do fio de contas do seu santo e com a cabeça devidamente coberta.

Antes que o ebó se inicie devemos sempre buscar conferi lo com a listagem do Babalorixas, a fim de evitarmos parar o ebó por falta de algum elemento. Ebós nunca devem ser interrompidos, corta se o que esta sendo pedido.

Sempre que for mexer com o odun Oxê devemos por acaçás pirâmides brancos dentro de casa.

Sempre que for por moedas nos ebó do odun Obará devemos ter o cuidado de por a face da moeda para baixo e o seu valor para cima.

Devemos sempre por moedas correntes atuais evitando as moedas antigas, salvo quando o ebó pedir esse elemento.

Sempre manter a quartinha com água na porta de entrada do barracão a fim de despachar a porta na volta.

Acaçás feitos com creme de arroz são acaçás destinados a egum. Já os acaçás de farinha de acaçá são destinados aos orixás antigos.

Todo ebó deve sempre ser feito com o consulente de frente para a rua.

É sempre aconselhável termos como ajudantes pessoas, de Exú, Oyá, Ogum e Omolú para a realização de ebós.

Nos ebós Ikú e em alguns ebós de Exú, ao passarmos o bicho no obrigacionado, devemos imediatamente sacrifica lo afim de que a energia vá de encontro aquele bicho, e em seguida tomarmos os procedimentos necessários, para a mais rápida retirada do ebó de dentro do barracão.

A pessoa que for levar o ebó deverá ir por um caminho e retornar ao barracão por outro caminho e avisar o obrigacionado para não passar pelo local do carrego, no mínimo por 07 dias.

Nos Odù que correspondem a Oxalá, nunca utilizar dendê, e, sim óleo de algodão, arroz e milho.